A roupa do futuro se dissolve completamente após o uso. Vestidos de algas aponta para um futuro onde a moda é circular
Por Lilly Smith
A moda se baseia em tendências cíclicas.
Como Heidi Klum disse no famoso Project Runway: “Um dia você está dentro. E no dia seguinte você está fora”.
Mas isso também torna a indústria inerentemente perdulária.
E daí se, em vez de enviar roupas velhas para o aterro, você pudesse dissolvê-las?
Scarlett Yang, recém-formada na aclamada escola de design de Londres Central Saint Martins, desenvolveu um vestido que faz exatamente isso para sua coleção de graduação.
Yang desenhou um vestido etéreo e escultural de alta costura feito de proteína de casulo de seda e extrato de algas.
O tecido é totalmente biodegradável.
Embora seja apenas um projeto conceitual por enquanto, ele aponta para a possibilidade de um ciclo de vida da moda no qual as roupas são intencionalmente projetadas para serem sustentáveis.
As algas surgiram recentemente como substitutos do plástico.
Um laboratório da Califórnia chamado Algenesis desenvolveu um poliuretano biodegradável à base de algas que poderia ser usado em chinelos, enquanto a designer interdisciplinar Charlotte McCurdy desenvolveu em 2019, uma capa de chuva translúcida feita de material biodegradável.
Todos esses desenvolvimentos apontam para um reconhecimento entre os designers emergentes e indicam que as coisas precisam mudar.
“A grande maioria dos têxteis no mercado não é reciclável, o que significa que nós, como formandos/estudantes da moda da geração jovem, também contribuímos para os problemas de poluição se continuarmos a fazer as coisas da forma tradicional”, diz Yang.
“Como muitos de meus colegas e tutores, não posso ignorar o fato de que precisamos de mudanças”.
Então, Yang começou a pesquisar biomateriais como alternativa, acabando por chegar ao extrato de algas e à proteína do casulo de seda, que impermeabiliza a roupa (até certo ponto).
Yang usou a modelagem 3D para desenhar centenas de silhuetas antes de chegar ao produto final.
Para criar o “tecido”, Yang despeja a mistura líquida em um molde 3D para incubar.
A rigidez resultante do tecido muda com base na proporção de extrato de algas e proteína do casulo, bem como na temperatura e umidade ao redor. E então há o colapso.
O material pode se dissolver em taxas diferentes, dependendo da temperatura e do pH da água em que você o coloca: Ele pode se dissolver completamente em apenas 15 minutos ou em até duas horas.
A forma do molde e a espessura do material também influenciam (uma malha fina versus uma grande trama aberta, por exemplo), embora menor, segundo Yang.
Embora exista alta costura com inspiração aquosa semelhante, há muito espaço para designers estabelecidos adotarem práticas adicionais de sustentabilidade.
A designer Iris Van Herpen lançou sua coleção Crystallization há 10 anos, que incluía looks onde a modelo parecia ter um respingo de água ao redor dela.
O visual foi uma façanha de design impressionante, mas é feito de plástico.
Em 2020, estamos prontos para alternativas sustentáveis.
Então, podemos esperar para ver o design conceitual ecológico baseado em algas chegar ao mundo da alta moda?
Enquanto Yang não tem uma data definida para enviar suas roupas para uma passarela IRL, ela criou uma coleção de roupas digitais com simulação de material 3D, que estará disponível em um futuro próximo para comprar para uso em realidade aumentada e CGI.
Fonte: Co.Design I Fast Campany
Tradução I Edição: www.pauloguidalli.com.br
Imagem: Scarlett Yang
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