A ideologia de design vanguardista da era Gustave Eiffel ecoa nas sensibilidades modernas por trás da arquitetura de interiores contemporânea encontrada em residências urbanas francesas.
Mas qual é a linha mestra que conecta estruturas como a famosa torre com a arquitetura local em um lugar como em Colmar, na França?

Tomando emprestado um termo cunhado pelo falecido estudioso de engenharia David Billington, arte estrutural.
Artistas plásticos vindos da região, como Frédéric Auguste Bartholdi, que colaborou com Gustave Eiffel para criar a igualmente famosa Estátua da Liberdade, deixaram a região nordeste da Alsácia com uma carga criativa indelével.

Neste projeto do Oza Design, o apartamento compartilha um DNA único com outras obras cuja eficiência estrutural e economia de materiais resultam em um estilo pessoal expressivo.
Em paralelo aos apartamentos haussmannianos de Paris (plantas racionais, elementos geométricos, adornos aerodinâmicos) e tangencial aos opulentos castelos ao redor, esta residência combina influências francesas e alemãs com referências históricas e o vernáculo material circundante, sem o estilo de época.
Özge Öztürk e Alexandre Simeray, os principais arquitetos por trás do OZA, imbuem seu trabalho com um senso de nostalgia sem ceder ao passado.

“Em nossa busca por honrar a herança artística de Colmar, colaboramos estreitamente com artesãos locais, garantindo que cada detalhe do apartamento refletisse o espírito criativo da cidade”.
“De acessórios de metal personalizados a móveis sob medida, cada elemento foi criado com cuidado, preservando a essência da tradição artesanal de Colmar”.
A residência ocupa parte de um antigo edifício comercial construído em 1912 pelo arquiteto local Georg Bloch.

Está situada na Place des Martyrs de la Résistance e cercada por coloridas casas de madeira, ruas estreitas e varandas animadas.
É um testemunho da persistência do design progressista, exibindo propriedades modernas e brutalistas que estavam muito à frente de seu tempo.
Um dos primeiros exemplos de arquitetura em concreto armado, a estrutura ostentava eletricidade integrada, um gerador seguro, um elevador com operador e estabelecimentos comerciais icônicos no térreo.

O espaço continua a ser ocupado por empresas até hoje.
Inspirando-se no conceito de fábrica com iluminação natural do local, o apartamento celebra o desejo dos moradores por um estilo de vida familiar mais conectado, com uma planta de 250 metros quadrados, que se torna mais ampla em áreas com pé-direito de 3,6 metros.
Os espaços comuns compreendem hall de entrada, cozinha, sala de estar e sala de jantar, todos com vistas deslumbrantes que testemunham um elegante jogo de materiais.

Os espaços privativos, que podem ser tornados mais públicos por meio de recursos arquitetônicos, incluem uma variedade luxuosa: o quarto principal com suíte e closet estilo spa, dois quartos de hóspedes que compartilham um amplo banheiro completo, um lavabo modesto; uma generosa área de serviço e 83 metros quadrados de espaço de armazenamento escondido acima de alguns dos espaços secundários.
A estética e a composição do layout seguem o ditado frequentemente usado por Frank Lloyd Wright: “forma e função são uma coisa só”.
O apartamento é um amálgama cativante de vidro transparente, metal fosco, concreto, tijolo branco, cortinas de linho claro e painéis de madeira escura que servem para agradar aos olhos, criar espaço e articular a programação na planta.
“Resolvemos os desafios que tínhamos e criamos um espaço sereno com uma paleta de cores discreta que permite que a vista externa se torne uma obra de arte no projeto”, acrescenta a dupla.
“Como resultado, apresentamos uma sensação extremamente acolhedor e confortável no interior, com a ideia de ‘conforto via minimalismo”.
Os painéis profundos do foyer atraem os hóspedes para dentro e os empurram para o trio de espaços que compõem a sala principal, mais uma referência ao trabalho de Wright.

Detalhes personalizados da cozinha e bancadas longas se estendem pelo ambiente, sugerindo lugares para família e amigos cozinharem ou se reunirem casualmente.
Em suave contraste, a sala de jantar, emoldurada por prateleiras abertas e uma estrutura metálica tubular, propõe um espaço mais formal para jantares e reuniões prolongados.
Montantes pretos e placas de proteção correspondentes fixam altos painéis envidraçados e portas ao piso.
Cada seção é revestida com painéis leves de algodão e linho que vão até o chão e podem ser fechados por dentro dos quartos, a critério de cada morador.
E madeira tingida de preto é justaposta a acabamentos de gesso branco nas paredes, em referência direta à indústria carbonífera de Colmar.

A paleta monocromática, a execução técnica e os princípios artísticos de Milo são sustentados por uma arte estrutural exemplar.
Os designers prosseguem: “O ferro bruto, de origem local e montado com meticuloso artesanato, presta homenagem à visão artística de Bartholdi e à histórica indústria siderúrgica da região”.
“O uso de tijolo, concreto e madeira escura reforça ainda mais a estética industrial, enquanto sutis referências à Estátua da Liberdade e à Torre Eiffel evocam uma sensação de grandiosidade atemporal”.
Fonte: Design Milk I Joseph Sgambati
Tradução I Edição: pauloguidalli.com.br
Imagem: Edvinas Bruzas
Deixe um comentário