O edifício em si, originalmente dividido em três partes, uma garagem de frente para a rua, um jardim murado e um galpão escondido no interior do quarteirão, oferecia uma tela pronta para reinterpretação arquitetônica.
Desde o início, L’Atelier viu ecos de sua própria abordagem no espaço, um cenário ideal para materializar sua visão.
Os arquitetos do A6A buscaram criar um ambiente onde a experimentação, a natureza e a arquitetura borram os limites.
O projeto convida à exploração, incorporando um ritmo espacial que encoraja os visitantes a se envolverem com o ambiente em seu próprio ritmo.
A jornada começa na garagem voltada para a rua, flui para um jardim exuberante e isolado e termina em uma oficina que parece contemporânea e atemporal.
Aqui, L’Atelier promove um diálogo aberto entre ambientes naturais e construídos, um diálogo que é crítico para o ethos da agência.
Central para o projeto era a preservação e a sutil reinvenção do antigo galpão em formato de diamante, que, em sua vida anterior, havia caído em um estado de decadência.
Apenas as paredes periféricas e a estrutura de metal eram recuperáveis, mas L’Atelier viu isso como uma oportunidade e não uma limitação.
Uma nova entrada marcante foi introduzida abrindo uma das paredes, tomando emprestadas proporções de uma abertura de pátio existente, o que por sua vez estabeleceu um horizonte distinto para o espaço.
O interior é organizado com simplicidade intencional, permitindo uma apreciação completa do volume do edifício.
Apenas salas de reunião e serviços essenciais são fechados, deixando o resto aberto e arejado.
As treliças de metal expostas acima dão uma sensação de continuidade por toda parte, sua estrutura silenciosamente sustentando as novas instalações.
Três materiais ocupam o centro do palco no espaço: pisos de concreto evocam uma sensação de aterramento tectônico; compensado de bétula, com sua granulação natural, lembra o crescimento orgânico da madeira; e flocagem acústica no teto fornece um toque do etéreo.
O compromisso da L’Atelier com a sustentabilidade está profundamente enraizado no projeto.
Os arquitetos buscaram criar um ambiente autossustentável e com eficiência energética, afastando-se deliberadamente de soluções excessivamente projetadas.
Um fogão a pellets fornece calor, enquanto ventiladores de teto garantem a circulação de ar tanto no verão quanto no inverno.
A luz natural inunda o interior através de um grande telhado de vidro, modulado por uma persiana externa para controlar o ganho solar.
Painéis fotovoltaicos na face sul do telhado geram energia suficiente para cobrir as necessidades da agência, criando um sistema de autossuficiência energética.
O isolamento de lã de madeira, combinado com revestimentos Fermacell e uma laje de concreto sólida, dá ao edifício uma inércia térmica excepcional, garantindo um clima interno estável durante todo o ano.
A ventilação natural é outra característica fundamental, com janelas pequenas e estrategicamente posicionadas ao sul e oeste, permitindo um fluxo suave de ar quando as janelas expansivas ao norte, com vista para o jardim, são abertas.
Essa atenção meticulosa à estrutura e à atmosfera garante que cada passo dentro do espaço pareça considerado.
Fonte: This is Paper I Zuzanna Gasior
Tradução I Edição: pauloguidalli.com.br
Imagem: Rory Gardiner
Deixe um comentário