No coração silenciosamente rítmico do bairro de Itaewon, em Seul, uma área definida pela confluência cultural, o café, do Niceworkshop, se desenrola como um estudo discreto, porém, complexo, sobre mimetismo material e empatia espacial.
O interior é um gesto arquitetônico em camadas que não apenas respeita o tecido urbano, mas também o confronta.

Concreto, aço inoxidável e madeira, materiais que normalmente representam registros divergentes, são aqui entrelaçados em uma linguagem visual coesa por meio de sutis ilusões táteis e camadas referenciais.
O que, à primeira vista, poderia parecer um espaço industrial minimalista, rapidamente se revela como algo mais complexo: aço inoxidável gravado para imitar os veios da madeira, portas refletivas lixadas à mão que misturam interior e exterior, e móveis de madeira montados com marcenaria aparente, tudo se
funde em uma meditação sobre a coexistência.

O neonaturalismo, um tema recorrente em na prática moveleira, permeia a identidade do café.
É uma ideologia não de simulação, mas de transformação poética.

A natureza reproduzida em meios artificiais, evocando uma espécie de ambiguidade afetiva ressoa com as topografias construídas da cidade.
A intervenção é ancorada pela descoberta de duas paredes de concreto durante a demolição, fantasmas da vida anterior do edifício, que agora ditam o eixo e o ritmo do espaço.
Em vez de obscurecer esses elementos, a equipe tornou centrais para a narrativa espacial, imprimindo texturas de madeira ao concreto e refletindo superfícies que oscilam entre a clareza e a opacidade.

Ao fazer isso, o local não oferece apenas café ou conforto, mas uma experiência sensorial e conceitual: uma paisagem construída onde a memória material e o artesanato da era digital se cruzam.
Acima do café, a galeria anexa dá continuidade a essa dialética de síntese urbano-natural, reforçando o papel da HaHouse como um espaço cultural pluralista.

Mais do que um mero café, ela surge como um santuário contemporâneo, um ensaio espacial que aponta para um futuro onde a nuance tátil e a honestidade arquitetônica recuperam seu lugar na condição urbana.
Fonte: This is Paper
Tradução I Edição: pauloguidalli.com.br
Imagem: Jinseob Kin
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