O novo Centro de Dia para Pessoas com Doença de Alzheimer em Benavente (Zamora, Espanha), projetado pelo Studio VRA, surge do envelhecimento da população da região.
Quando concebido, não havia esquema comprovado para esta tipologia, apesar do crescimento da doença nos últimos anos em algumas regiões do país.
Assim, o programa inicial previa apenas a inclusão de espaços para atividades de estimulação cognitiva e física, com refeitório e área de descanso para cinquenta usuários.
Portanto, a primeira tarefa foi entender a lógica dessa tipologia e cristalizá-la em um esquema arquitetônico.
Outro ponto de partida importante foi a localização do Centro numa situação de dupla fronteira (territorial e urbana).
Por um lado, a vila situa-se na periferia do grande planalto castelhano, pelo que é dotada de uma topografia particular: entre montes, vales e planícies, com uma condição histórica de cruzamento de estradas, e algumas das principais vias arteriais do país.
Por outro lado, o terreno também está localizado dentro de uma área de divisa municipal, em um morro com declive acentuado entre uma área de expansão e terras agrícolas. Esta situação enfatiza novamente a conjunção de paisagens no edifício.
Essas ideias motivaram o posicionamento do edifício na parte superior do terreno para facilitar que um estrato dele gire e rasgue o talude para criar uma nova área plana.
Então, em um segundo movimento, parte desse estrato sobe outro nível verticalmente para proteger o edifício em sua frente urbana.
Assim, cria-se uma nova linha do horizonte, tema principal da edificação, que não apenas simboliza a sinergia da comunidade diante dessa doença, mas também dialoga com a paisagem.
Uma vez na superfície, o estrato emergente é escavado para abrigar os diferentes espaços.
Estes são divididos em quatro zonas de acordo com seus graus de privacidade e uso.
Por um lado, dois grandes muros de contenção se estendem para fora para marcar a entrada e separar os espaços públicos (diferenciados como áreas administrativas e polivalentes) dos privados.
Ao mesmo tempo, estes últimos espaços se articulam em torno de dois corredores de largura generosa, cuja diversidade auxilia na orientação espacial dos visitantes.
Estes espaços são concebidos como as “salas” mais importantes com funcionamento terapêutico do Centro.
Os restantes espaços privados podem ser acedidos a partir de cada um deles. Um dá acesso às salas de uso mais frequente (salas de aula, banheiros geriátricos, pátios) e o outro aos espaços de menor uso (sala de jantar, área de descanso).
Todos eles são projetados de acordo com as necessidades específicas das pessoas com doença de Alzheimer.
Assim, está desenhado com um esquema claro e contundente que otimiza o funcionamento do edifício, permitindo uma utilização simples, simultânea e independentes das diferentes áreas e uma utilização maximizada dos seus recursos energéticos.
Um grande significado é dado aos elementos de design dentro do edifício.
Esses detalhes ajudam a qualificar o espaço e torná-lo mais reconhecível e confortável para o usuário.
Por exemplo, a continuidade das grades nos corredores, os pátios (salas de aula) que permitem que os moradores realizem atividades com ar puro e iluminação natural, ou o uso de materiais que melhorem o conforto do usuário e a utilização do Centro.
Nesse sentido, as salas de aula ganham importância pelo seu posicionamento e pelo uso das grandes janelas que conectam o espaço escavado à paisagem.
O resto do terreno (se desenvolvendo em uma segunda fase) é um grande jardim de dois níveis.
No entanto, ambos os níveis são concebidos em conjunto devido à sua origem conceitual comum, e o jardim superior se estende sobre o telhado verde e armazenamento de água.
Assim, o edifício está relacionado com a paisagem, tanto formal como materialmente.
Esta área é concebida como a maior sala do Centro, uma vez que incentiva as atividades ao ar livre e assegura aos utentes o contato direto com o exterior e com a paisagem da sua memória.
Fonte: Archilovers
Tradução I Edição: pauloguidalli.com.br
Imagem: Javier Bravo I Rubén García Rubio
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