A designer, diretora acadêmica e criativa do Reino Unido Ilse Crawford é conhecida por seus elegantes interiores e belo design de produto.
Como fundadora da empresa de design multidisciplinar Studioilse e do departamento de Man and Wellbeing da Design Academy Eindhoven, seu trabalho se concentra em colocar as necessidades humanas no centro de todo design.
Em entrevista à edição especial da Monocle on Design, Crawford discutiu o design de casas melhores em face da pandemia. Nós selecionamos alguns trechos:
Qual é o papel dos designers na formação do comportamento humano e como a pandemia afetou isso?
O design sempre responde às mudanças sociais e culturais.
A Bauhaus foi exatamente isso: foi uma resposta às pandemias da virada do século e às cidades sujas e industrializadas.
A escola inventou essa nova realidade fresca, leve e limpa. Falamos sobre ser a época da era da máquina, mas a era da máquina também fez parte de uma mudança cultural e a limpeza estava no centro disso.
Então, de uma forma engraçada, quase fechamos o círculo 100 anos depois. O design refletirá espaços auto-evidentemente limpos e a confiabilidade desses espaços.
Mas, em um nível mais íntimo, todos nós percebemos como as coisas simples importam tanto, então acho que haverá um foco maior nas pequenas coisas com as quais nos importamos.
Como as pessoas passaram mais tempo em casa este ano, você acha que elas estão apreciando cada vez mais o design da casa ou, digamos, uma cadeira bonita e confortável?
Nossas prioridades se tornaram as coisas íntimas da vida cotidiana.
Sempre falamos sobre tornar o normal especial e isso realmente transparece na situação em que estamos todos.
Descobri que, ao falar com as pessoas, não importa sua idade ou situação de vida, tudo se resume a coisas semelhantes.
E quando você passa mais tempo fazendo essas coisas, os elementos com os quais você as faz se tornam uma questão de valor emocional.
Beleza é algo que não é apenas estético. A intensidade da beleza das coisas cotidianas e a consciência da fragilidade da vida andam de mãos dadas.
Com isso em mente, você acha que os empreededores e governos que estão construindo habitações vão pensar sobre esses espaços de uma maneira melhor?
Se eu fosse um empreendedor agora, pensaria em como criar espaços que sejam realmente bons lugares para se trancar.
Não de uma forma pessimista, mas, se estes ambientes são ótimos para se estar o tempo todo, pense em como é maravilhoso ficar neles a maior parte do tempo.
Em termos de tornar o normal especial e tornar a vida cotidiana gratificante por meio de um edifício ou casa, vejo uma grande oportunidade para que os empreededores sejam sensíveis às coisas que realmente importam para as pessoas, e que integrem isso aos seus empreendimentos habitacionais.
Eles não vão perder se fizerem isso.
Fonte: Monocle
Tradução I Edição: www.pauloguidalli.com.br
Imagem: Monocle
PodCast: To hear the full interview, listen to this week’s edition of Monocle On Design on Monocle 24.
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