O arquiteto de produção Lee Ha-jun revela os segredos do cenário
Por Adam Woodward
A sátira social afiada do diretor sul-coreano Bong Joon-ho no filme Parasite tomou o mundo do cinema de assalto, graças, em grande parte, ao seu elenco estelar, cenografia imaculada e a reviravolta sensacional no terceiro ato.
No entanto, uma das maiores surpresas que o filme passou para o público foi a afluente casa de Park, onde a maior parte da ação acontece.
A casa foi construída inteiramente do zero, um fato revelado apenas após a estreia do filme em Cannes.
Nesta conversa o arquiteto e desenhista de produção Lee Ha-jun fala como ele e o diretor Bong conceberam e executaram esse ambicioso feito da arquitetura moderna.
– Como são geralmente os cenários dos filmes coreanos?
“Na maioria dos filmes coreanos, menos da metade das filmagens ocorre no set. Mas com o passar dos anos, a quantidade de filmagens no set tem aumentado”.
– Que cenário você imaginou para o Parasite?
“O Parasite começou tendo muitas conversas com o diretor. Em seguida, desenvolvi gradualmente o projeto de produção por meio de projetos constantes e simulações 3D. Por meio da modelagem, antes de construir o cenário, pudemos levar em consideração a movimentação do elenco e as posições das câmeras”.
– Há uma lógica neste cenário?
“O conceito geral que permeia o filme é a verticalidade que desce infinitamente de cima para baixo. A casa Park tem a mesma estrutura. Como você pode ver do porão, que é uma sala em que você entra quando desce do andar térreo, todas as camadas do filme existem verticalmente. As inúmeras escadas e a densidade do espaço mudam conforme você desce. Existem muitas camadas no Parasite”.
– Você consultou outros produtores e cenaristas?
“Eu tenho muitos amigos que são arquitetos. Então, procurei muitos deles para conversar e para me inspirar”.
– Quando estamos assistindo o filme acreditamos estar numa casa real.
“Como o set representa 80% de todo o filme, eu tinha uma forte convicção de que não deveria se parecer com um set ao projetá-lo. Então eu tentei não perder nenhum detalhe. No início, decidimos não deixar que o público soubesse que a casa era na verdade um cenário e assim, eles poderiam se concentrar e mergulhar no filme”.
– Quando vocês decidiram contar ao público?
“Revelamos a verdade depois do festival de Cannes. Eu estava muito nervoso que alguém descobrisse que todos esses espaços eram na verdade um cenário, porque eles realmente pareciam uma casa real na tela. No final, ninguém descobriu”.
Fonte: The Spaces
Tradução I Edição: www.pauloguidalli.com.br
Imagem: Fotografia: Allstar / Curzon Artificial Eye
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